A maioria das pessoas nunca ouviu falar de Ghajar (غجر) - sem ser pela verdadeira razão pela qual deveria. Ghajar tem uma população de cerca de 2000 árabes, sendo a maioria da mesma, pequena, seita dos actuais e anteriores presidentes da Síria - os Alawi.
Ghajar está encravada na fronteira entre o Líbano e os territórios ocupados por Israel. Se este território ocupado era parte do Líbano ou da Síria, é ponto de discórdia entre o Líbano a Síria e Israel. A este respeito, Ghajar é semelhante a uma outra série de aldeias nesta mesma área, as «Chebaa Farms».
Ghajar está dividida em duas, pela fronteira internacional. A parte norte situa-se no Líbano e a parte sul na Síria, mas ocupada por Israel desde a Guerra Seis Dias, em 1967. Durante a invasão do sul do Líbano em 1982, por Israel, as forças israelitas ocuparam também a parte libanesa de Ghajar.
Quando, em 2000, Israel retirou do Líbano, as Nações Unidas delimitaram a fronteira, uma vez mais com a divisão da cidade entre o Líbano e os territórios ocupados da Síria, por Israel. As forças libanesas nominalmente assumiram o controlo, mas, na realidade, a parte libanesa tornou-se uma importante base de operações do Hizballah
.
Segundo os Acordos de Ta'if
e a Resolução 1559 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, todas as milícias libanesas teriam que ser desarmadas. Israel ao retirar, em 2000, fez com que, teoricamente, não houvesse nenhuma justificação para o Hizballah (ou de qualquer partido) manter uma ala de resistência armada. No entanto, o Hizballah afirmou que Israel não tinha retirado totalmente do Líbano, alegando que as 'Chebaa Farms' eram efectivamente território libanês, e não sírio. Esta alegação não tem fundamento, Chebaa é internacionalmente reconhecida como sendo território sírio ocupado por Israel.
Durante os combates, de 2006, entre o Hizballah e Israel, as tropas israelitas voltaram novamente a ocupar a parte norte de Ghajar, onde permanecem até hoje. Israel comprometeu-se a retirar-se do lado da fronteira do Líbano, assim que a situação de segurança o justificasse. O novo governo israelita disse que vai esperar até depois das eleições, em 7 de Junho, no Líbano para determinar se a retirada é justificada.
Israel teme que o Hizballah venha a ganhar mais poder nas eleições, e que se deixar Ghajar vai, na verdade, entregá-la ao Hizballah.
Claramente, em Ghajar, Israel está a ocupar uma parte do Líbano. Isso dá credibilidade ao argumento do Hizballah que Israel ainda está no Líbano, justificação utilizada para a manutenção continuada de seu braço armado. Embora Chebaa continue a ser um problema, uma saída israelita de Ghajar, esvazia os argumentos do Hizballah.
No próximo Domingo não se decide somente a composição do Parlamento Europeu. "Temos" as eleições no Líbano, que será uma pedra importantíssima no tabuleiro de xadrez da paz no médio-oriente e, será que há dúvidas da implantação xiita no Líbano?
... como é possível que um euro tenha valor diferente se dispendido no Porto, Gaia, Matosinhos ou Maia ou gasto em Lisboa, Almada ou Amadora?
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